
quinta-feira, 18 de março de 2010
Corvo

quarta-feira, 17 de março de 2010
Corvo
# 23
Pequena sombra de tempo
, coberta com uma manta de chuva,
porque me furtas a noite
e
me envolves a cabeça
com um turbante de memórias?
Coroada de rainha
, não podes
tu
devolver o odor fresco dos morangos?
terça-feira, 16 de março de 2010
Corvo
# 21
Quantos oceanos, correntes aladas
do passado
, invadindo praias
. É triste que os dentes
se cerrem às marés. Mas
pior seria
se os pés deixassem de sentir
o calor brando da areia.
# 22
Mesmo enquanto caminhamos
sob um sol compassivo,
estamos inclinados para a morte.
Não é que a vida
hostil à caminhada
, simplesmente negamos a aventura
e, suspenso, o corpo afunda-se na Terra.
domingo, 14 de março de 2010
Corvo
# 20
A terra devassada que flui
faz o corvo pousar as asas.
Recorda-te!
Tudo é rápido na indiferença.
Como monge desse convento de estrelas
podes ao menos partir
em
penitência?
sábado, 13 de março de 2010
Corvo
# 19
Fizemos tudo para lhe esconder
o
rosto. Fizemos a memória recuar
ao primeiro vocábulo da humani
da
de.
Os anjos são agora a única testemunha.
Um dia proferimos a
palavra
amor!
sábado, 6 de março de 2010
Corvo
# 18
É a paisagem soando a tiros,
o entardecer do momento
em que a Primavera amadurece.
Retrato súbito onde o nosso rosto
aparece
como
um fantasma assustado na
direcção
de uma outra vida.
Corvo
# 17
Uma romã púrpura entre arbustos
que um céu perfeito, alinhado
, recebe vigoroso. E atento. Para sempre.
Tudo exalta a vida do futuro
que será igual à de outrora:
o redondo descanso da flor redonda.
Corvo
# 16
Eis-nos diante de um fogo extinto.
O tempo não levou a
, dentro das nossas mãos, nascer
como crianças
um tesouro.
Os nossos olhos estão postos em altares
onde antiquíssimos frutos eram
dados sorrindo,
como crísticas oferendas.
quinta-feira, 4 de março de 2010
Corvo
# 15
É triste que os olhos se abram
depois
do sono. Nesse tempo de paz
é brilhante
um encanto feroz
, um desejo secreto e sublime.
quarta-feira, 3 de março de 2010
terça-feira, 2 de março de 2010
Corvo
# 13
Como nos desenhos dos teus ramos
existe tudo o que nos resta
, assim na terra
há caminhos distraídos
e um deus pequeno
ancorado a uma pedra.
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