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quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Into Great Silence - Philip Groening

gotas caem, dispersam-se sozinhas - XXI a XXII

XXI tentei acertar o relógio. vezes sem ...................conta e ele parado. sem conserto possível não sei porquê mas tenho ganho um amor especial a esta máquina .....que marca a hora exacta duas vezes por dia: XXII revoltaram-se as águas a terra. caiu tudo, pássaros gatos, pequenos rouxinóis re voltaram-se os ares .....caiu tudo, pequenas asas:

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Nanni


Projecto Gráfico de João Lemos

gotas caem, dispersam-se sozinhas - XIII a XX

XVIII o dragão entrou. fez disto a casa dele. como um morcego a quem ninguém liga bateu com a cabeça nas paredes até que o candeeiro o encandeeirou .....«coisas de dragão sem mãe» .....gritou o meu pai: XIX um monge um leão uma caveira uma vela a pena e o papel_ são jerónimo enfim numa re produçãozinha a branco e azul .....são jerónimo inteiro numa .....reprodução mínima a branco e azul: XX querida lâmpada_ venho por este meio, dizer-te que a luz foi cortada. já não há dinheiro nem nos cofres da mamã – de resto a mamã nunca teve dinheiro nos cofres a mamã tinha era cofres – .....com cordiais saudações, teu:

gotas caem, dispersam-se sozinhas - XIII a XX

XVIII o dragão entrou. fez disto a casa dele. como um morcego a quem ninguém liga bateu com a cabeça nas paredes até que o candeeiro o encandeeirou .....«coisas de dragão sem mãe» .....gritou o meu pai: XIX um monge um leão uma caveira uma vela a pena e o papel_ são jerónimo enfim numa re produçãozinha a branco e azul .....são jerónimo inteiro numa .....reprodução mínima a branco e azul: XX querida lâmpada_ venho por este meio, dizer-te que a luz foi cortada. já não há dinheiro nem nos cofres da mamã – de resto a mamã nunca teve dinheiro nos cofres a mamã tinha era cofres – .....com cordiais saudações, teu:

domingo, 28 de outubro de 2007

gotas caem, dispersam-se sozinhas - XII a XVII

XII não é um gato. não é um peixe. mas arde.......quando .....olha: XIII kohan_ como o olho do velho santo e sábio mestre vejo-me para o passado como , a «pincelada única» de shitao que nunca .....serei: XIV um tritão negro, rebuçados de mentol (… o cigarro cai-me da boca enquanto ..................o pincel marca a folha branca…), um círculo vermelho é desenhado com compasso_no centro uma mosca de magníficos .....olhos roxos, cai: XV coitado do canário – com tanta fome prendeu a cabeça entre as grades da gaiola estando a alpista mesmo ali em frente do outro lado da prisão numa alpisteira d’ouro «destino cruel o dos canários humanos!» poderia ter dito gil vicente: XVI porque me olhas ..........................¿faca sabes que não me podes matar. eu sei que não te poderei matar,,, .....¿porque simulas enfrentar-me: XVII resignada salamandra venenosa. bebeu a água que lhe foi dada e não a q eu preci sava. bebeu e depois chorou .....desejou com ardência ser mulher… _____… inverter o jogo:

domingo, 21 de outubro de 2007

gotas caem, dispersam-se sozinhas - I a XI

I a seta disparou-se sozinha. caí em alto mar tudo é único e .....gigante: II afogo-me. afogo-me. afogo-me. a fogo .....me: III ruído. escuro. sente-se o dia. há um plano subaquático para me despertar. pa ra me .....desapertar: IV as asas apareceram-me no sonho. o cão dormia na minha cama. o cágado, o cágado estava longe, mas... _____...são raphael no sol nocturno: V tigre. no ataque senti rasgões na pele. .....um tigre amoroso: VI quando a abelha caiu no aquário, o meu primeiro impulso foi sal vá-la na morte. mas parei dentro d’água o peixe e a abelha desenharam círculos, coreografados, como se todos os dias fosse comum a essa abelha e a esse peixe (vermelho) dançarem .....no aquário: VII as asas que me esperam no espaço do coração são pequenas rosas azuis pequenas rosas azuis pequenas rosas azuis .....pequenas .....rosas .....azuis: VIII talvez não goste de escrever. talvez não goste de desenhar. talvez não goste de pintar talvez goste. talvez goste. .....talvez o poema. é tão difícil explicar: IX abriu-se uma janela e o frio entrou. trovoada pedras coloridas chovendo em todas as direcções marcou-se assim um dia feliz: X vejam aqui está! o primeiro anjo. vejam como ele toca a cabeça ............................da mãe do mundo com o seu anel de ónix .....negro... negro: XI de novo a seta .....agora em chamas:

sábado, 20 de outubro de 2007

começa aqui um novo espaço de SAUDADES DE ANTERO



DE PÉ (Saudação a Antero)
José Mário Branco


Força é reconhecer
Que a morte, quando escolhida
É uma espécie de antever
A vida dentro da vida
É parecida
Só parecida
Com a vida por viver

Num jardim quadrangular
À vista do oceano
Pode perder-se o olhar
Na praia do desengano
É humano
Sobre-humano
É ter um canto p'ra salvar

De pé meu canto não te rendas
Saúda o mestre das oferendas
Canta, canta, coração
Que o poeta só te dá o que lhe dão

De pé memória do futuro
Há sempre luz ao fim do escuro
Numa ilha só morre o que lá está
O que conta no que foi, é o que será

É bem pobre condição
Render-se ao desespero
E ler só morte na mão
Direita de Antero
O que eu quero
Porque quero
É negar a negação

Há uma ausência feroz
Que veste a nossa mágoa
E esquecemos que é por nós
Que a fonte deita água
Mas eu trago-a
Mas eu trago-a
É a razão da minha voz