Páginas

quinta-feira, 24 de março de 2011

Satã


16.

Projecto numas folhas de pequeno papel amarelo,
o início e o fim das inumeráveis narrativas que nunca irei escrever.
Estou tão certo de que nunca as irei escrever, como estou certo
da existência de folhas de pequeno papel amarelo.
¿Mas... se lhes conheço a entrada e o acabamento,
não será como se já as tivesse escrito?
¿Viverão essas narrativas, que acredito nunca irei escrever,
numa entrepausa entre mim e o duvidar, fazendo-me ignorar
que num espaço oculto da matéria visível, já escrevi
e li, o que só por dor não soube escrever?
®