Páginas

quinta-feira, 10 de março de 2011

Satã



4.

Filosofar é uma espécie de canto-nono de «Os Lusíadas»,
na verdade
– e um dia que Deus queira, virá ao mundo um
Desejado Culto, provar que a verdade existe,
não é bela e é divina –
filosofar é como percorrer aquelas linhas
que Camões escreveu sem saber o que dizia,
num anúncio de descoberta sensual e sobrenatural,
pois tudo o que é natural está sobre a Natureza e é, portanto, sobrenatural. Ao filosofar, encontra-se
aquela brandura de Ilha,
aquele nadar de ninfas e desejos tão cavados,
que, sem o coração anotar, uma intuição irreversível nos
atravessa e, para a eternidade nos lança no nevoeiro de pensar.