sábado, 25 de abril de 2009
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Contos.13
13.
ele soube – o seu sangue soube
quando a sentiu O sangue voltou
a correr
, os olhos voltaram a brilhar
mesmo de noite
, passaram-lhe as dores do abandono
Ele soube
e
deu-lhe – um dia – pela – primeira
vez a mão
tremendo por fora Voltara a
sentir a compulsão de beijar
, beber chá, ouvir incenso,
morrer para todas as outras coisas
Agora, só, relembra
os sor
risos
, as lágrimas, e, apesar de uma distância
que lhe parece intransponível
, platão voltou a adormecer
domingo, 5 de abril de 2009
Contos.12
No cimo do moinho – lá
onde reina a roda e a mó
, passeavam patos E ele
, assustado, curvou-se perante eles
numa vénia trémula Os patos
suspenderam a respiração e
ignorando a vénia atacaram-no
sem um grito Conseguiu fugir, sim,
conseguiu Correu pelo campo em volta
tentou esconder-se escondeu-se
finalmente repousou
Após alguns momentos de paz lembrou-se
, lembrou-se:
no moinho, lá junto à roda e à mó
, à guarda dos patos,
tinham ficado os óculos
Os seus únicos óculos
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Contos.11
Pela primeira vez em muitos dias
, platão levantou-se com alguma energia
e com a respiração normalizada
No entanto, o peso que sentia sobre si
não
diminuira
Andou apesar de sentir frio
, um frio que já vinha de trás
e que o sol não dissolvia
Andou
ainda
envolto na angústia
Parou, por fim, quando já sem sangue
se viu obrigado a sentar-se à beira de um pinheiro
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