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segunda-feira, 20 de abril de 2009

Contos.13

13. ele soube – o seu sangue soube quando a sentiu O sangue voltou a correr , os olhos voltaram a brilhar mesmo de noite , passaram-lhe as dores do abandono Ele soube e deu-lhe – um dia – pela – primeira vez a mão tremendo por fora Voltara a sentir a compulsão de beijar , beber chá, ouvir incenso, morrer para todas as outras coisas Agora, só, relembra os sor risos , as lágrimas, e, apesar de uma distância que lhe parece intransponível , platão voltou a adormecer

domingo, 5 de abril de 2009

Contos.12

No cimo do moinho – lá onde reina a roda e a mó , passeavam patos E ele , assustado, curvou-se perante eles numa vénia trémula Os patos suspenderam a respiração e ignorando a vénia atacaram-no sem um grito Conseguiu fugir, sim, conseguiu Correu pelo campo em volta tentou esconder-se escondeu-se finalmente repousou Após alguns momentos de paz lembrou-se , lembrou-se: no moinho, lá junto à roda e à mó , à guarda dos patos, tinham ficado os óculos Os seus únicos óculos

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Contos.11

Pela primeira vez em muitos dias , platão levantou-se com alguma energia e com a respiração normalizada No entanto, o peso que sentia sobre si não diminuira Andou apesar de sentir frio , um frio que já vinha de trás e que o sol não dissolvia Andou ainda envolto na angústia Parou, por fim, quando já sem sangue se viu obrigado a sentar-se à beira de um pinheiro