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sexta-feira, 25 de março de 2011

Satã





















17.

Na morte do Prof. Eduardo Chitas

Era filosofista,
nunca tinha deixado o costume das
camisas quadriculadas dos pescadores
de Vila-Franca –, estalinista sem maneiras,
Morreu, chamava-se Eduardo
e ninguém o reclamou em voz alta.
«...Que sofria do coração...» –,
¿quem não sofre?
 ,– «...Que já se tinha reformado...» –,
Sim. Foi a maior alegria
da sua vida mundana de professor.
«...Que estava ultrapassado... Que questões,
agora... depois do muro... ¿Deus sem Homem,
Homem sem Deus?... que disparates...»–,
Os filosofistas estão sempre ultrapassados.
É por estarem superados que, vencidos,
não deixam de regressar ao
currículo olímpico da sabedoria.
Não são filósofos, ¿percebem?
É no «ismo» que constroem a conduta.

Na semana passada, Eduardo Chitas,
nosso camarada, deixou a Terra
onde, todos os dias, duvidava.
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