domingo, 25 de janeiro de 2009
Contos.6
tinham-se sentado numa laje
de pedra
viram
num céu escuro
as cores de um efémero arco e
receberam chuva nos cabelos
e beijaram-se e
pelo chão talvez tivessem caído
lágrimas De
seguida a escada íngreme
da despedida
Hoje, platão olha para uma jarra e observa seca
a orquídea azul daquele dia
Todas as tardes olha o céu quando está escuro
Pelo chão lágrimas abraçam-se
Contos.6
tinham-se sentado numa laje
de pedra
viram
num céu escuro
as cores de um efémero arco e
receberam chuva nos cabelos
e beijaram-se e
pelo chão talvez tivessem caído
lágrimas De
seguida a escada íngreme
da despedida
Hoje, platão olha para uma jarra e observa seca
a orquídea azul daquele dia
Todas as tardes olha o céu quando está escuro
Pelo chão lágrimas abraçam-se
sábado, 17 de janeiro de 2009
fora-de-mercado - editores
morta que está a poesia vive e ressoa como acto e facto de resistência o poema Em cada caractere fluem antiquíssimos toques de sino vindos das torres mais altas lugares aonde só as aves nidificam e tudo vêem como um olho gigante no centro de um triângulo de ouro Cada face do triângulo é uma afiada lâmina de combate se o olho tudo vê cada ângulo cada vértice corta-nos as horas em finas passagens de medo e sobressalto Aí onde ninguém chega nem mesmo aqueles que sendo humanos voam esconde-se o poema e do poema nascem as águias reais que só alguns vencedores podem ver Nas noites fundas o poema ressurge como um relâmpago seco sem som mas com uma intensa e profícua vibração de odores sabores olhares tactos e paladares Dá-se então o encontro inefável com tudo o que está para além da vida dos vivos e da morte dos mortos Em cada caractere o sol brilha no seu meridiano somos então meninos doces envoltos numa tristeza que só a infância conhece Imaginam-se histórias contos romances encantados reais e proféticos O poema torna-se um sangue escuro junto à terra perto do mar sob o céu ao levar do vento De todos os ventos Uma rosa crucificada Sim o poema é o acto e facto de ainda se poder ser resistente e vitorioso Vêm-me agora à memória humanos de amor que em cadeia nos ligam a um infindável caminho in-verso hélder fiama cesariny caeiro de outras eras viegas só no seu único nome mário camões perdido num oceano alheio num poema atlântico e salomão o velho e cansado elefante que um dia um rei português decidiu oferecer a outro rei de um país frio caminhando em passos curtos de amarradas patas por correntes De outros cantos mário dionísio eduarda em antes que a noite venha álvaro lapa de pinturas escritas post-mortem carlos de oliveira sophia al berto variações de antónio Lá nas torres sineiras as águias nidificam os poemas que hão-de entregar quando o dia nascer Godard de vivre sa vie visconti de uma morte de cal em veneza Antes da palavra final estaremos vivos Caídos por terra sim mas vivos resistindo e vencendo Todos nós que viemos de longe Que vamos para longe aí onde nos vamos encontrar.
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
Contos.5
longe longe longe
muito longe
: o frio – platão de sobre
tudo
trancado à cama dormiu
longa longa longa
mente
Platão dormiu e a meio do sonho mais duro
uma gaivota do tejo
, aproximada aos vidros da janela,
batia com o bico nos vidros
enquanto uivava – frio frio frio
platão não acordava
e ainda assim a gaivota uivava
Só de noite –
mal despertou –
platão reparou que na transparência
da janela um fio de sangue secara
A gaivota?
Sócrates?
domingo, 4 de janeiro de 2009
Contos.4
dançaram
leves e de olhos postos
em pequenos objectos do palácio
Foram subindo escadas
numa conversa secreta e
de vez
em
quando
dando as mão sustendo a vontade
de dançar mais alto:
lá, no tecto esculpido, onde espíritos
dormem Sim
, naquele palácio são os espíritos que
guiam Espíritos com vozes claríssimas
E
, no centro da dança,
na sala do toucador real
lá estava Ela a Rainha enlouquecida
de que ninguém cuidou Foi
quando pararam de dançar
, se juntaram de ombro a ombro
e a felicidade daquele momento
ficou guardada no relicário dourado
onde já ninguém
entra
Subscrever:
Mensagens (Atom)