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quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Contos.3

24 de Dezembro de 2008 ainda lhe suavam as mãos de subir ofegante a escada do prédio quando descobriu que um grande gato amarelo tinha, sorrateiro, entrado pela porta a cozinha Travou-se ali, então, uma longa conversa entre platão e o gato Platão , assustado, pedia ao animal que abandonasse a casa o animal pedia a platão estadia Levaram uns quinze minutos nisto até que pelo cansaço o gato desistiu e saiu , agora rapidamente, pela frincha aberta por onde tinha entrado Á tarde platão tentou dormir mas aqueles felinos olhos cinzentos assombravam-lhe as horas de descanso – afinal podia ter ficado com ele, ao menos esta noite Voltou à porta podia ser que sócrates ainda por lá estivesse mas não, nem um rasto nas escadas traseiras Voltado à cama platão sentiu um frio de remorso Acendeu a luz da mesa-de-cabeceira e pôs-se a escrever contando o encontro que tinha desprezado Finalmente um ser tinha vindo ao seu encontro e ele por impulso recusou-o Porquê? Porquê Desenhou um gato no caderno e pôs-lhe cores e patas grandes Desolado , numa última linha, escreveu: «hoje, nesta minha casa encontrei-me com sócrates com medo afugentei-o Nada a fazer»

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Centro Mário Dionísio - Ano Novo Vida Nova

A Associação Casa da Achada – Centro Mário Dionísio oferece às crianças da zona em que está sediada – e a todas as outras que queiram aparecer – papéis e lápis, no dia 31 de Dezembro às 16h, para pensarem a cores no Ano Novo Vida Nova durante a tarde do último dia do ano. A sessão, que terá lugar na Casa da Achada – Centro Mário Dionísio, actualmente em obras, na Rua da Achada 11B, em Lisboa, será orientada por Regina Guimarães, escritora, cineasta e uma das sócias fundadoras da Associação. Os desenhos ficarão expostos no local durante a tarde do 1º dia do ano, das 16h às 19h. O Centro Mário Dionísio encontra-se ainda em fase de instalação mas entendeu que era possível fazer esta iniciativa sem esperar pela sua abertura regular ao público, em dois dias mais livres do que outros. Valerá a pena recordar o valor que Mário Dionísio – escritor, pintor, crítico de arte, professor e pedagogo – atribuía às actividades artísticas na educação – de pequenos e grandes. A propósito de uma grande exposição de arte infantil «Lisboa vista pelas suas crianças», realizada há 60 anos – tempos sombrios – afirmou: A necessidade da prática da arte como elemento fundamental da educação mostra-se aqui com uma evidência irrecusável. (…) Esta bela exposição (…) marca, creio eu, ou poderia marcar, uma data importante na história do nosso conhecimento do homem e da arte, o que quer sempre dizer: rumos de verdadeira educação, de libertação, de felicidade.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Contos.2

Platão deitava-se Insone Olhos postos no tecto pelo corpo só os indispensáveis movimentos À sua direita uma telefonia e cigarros acumulados num mínimo cinzeiro Platão ficava noites seguidas assim: a ouvir, concentrado, os ruídos da rua : homens do lixo : cães ladrando ao longe : um ou outro gato rosnando em briga Por vezes , uma vizinha gritava com o marido Não Para platão as noites nunca eram iguais simplesmente nunca tinha sido ensinado a adormecer No telheiro da janela quando uma família de pombos despertava, platão sabia que chegara o momento de se erguer apanhado na emboscada de um sol que nasce de uma lua que se deixa apagar Já levantado seguia para mais um dia Dias de coração demasiado lento preso à vontade de à noite voltar e insone se deitar

sábado, 20 de dezembro de 2008

Contos.1

quando metia a chave à porta e recebia no rosto a chuva da escuridão de um vento de espaço vazio Platão sentia uma tontura vinda dos pés até lhe tomar a cabeça (assim como na guerra o inimigo toma em prisão o amigo desconhecido) Com medo Sem coragem platão avançava Primeiro com o pé esquerdo, depois, arrastando a perna , o direito, fazendo bater os calcanhares Ficava em esquadro já dentro do apartamento Fechada a porta demorava-se uns segundos no escuro Afinal era a magia possível para os seus dias Então acendia a vela , via iluminar-se o corredor e voltava a si – só – e com cuidado pendurava o sobretudo num cabide idoso junto a um relógio de pêndulo

O Livro dos Peixes

frederico.'., dez.2008 (águarela e tinta-da-china sobre papel)

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

poemas dispersos

presta atenção aos teus passos sente como as mãos te podem salvar olha uma última vez o sol no seu meridiano escolhe uma planta que te acompanhe Escreve , Escreve muito – Escreve tanto ...........quanto ................puderes e depois dorme um silêncio profundo acolhedor e maternal sentindo a terra a percorrer-te a pele quando acordares verás a lua a ocidente crescente e alva Abraça-a se o fizeres repararás como ela é pequena e carente: um corpo inanimado reflectindo a luz Uma Vez Mais Presta Atenção Aos Teus Passos observa como há tanto tempo caminhas em círculo dá agora um passo ao lado na tua marcha saído do redondo caminhar Abre a porta para outro teu encantar Nada há a perder Nada para encontrar só Luz e , talvez, por sorte, por desígnio um pássaro para te guiar