domingo, 22 de junho de 2008
poemas dispersos
procurem nas montanhas as pegadas
dos cavalos brancos e humanos
do grande apocalipse
procurem no deserto as águas frescas
dos oceanos que ascenderam aos céus
procurem as pedras preciosas
ocultas no centro da terra –
e quando estiverem deslumbrados
sintam-se perdidos e desiludidos
pois tudo o que encontraram mais
não foi que desgosto e iludida alegria
terça-feira, 10 de junho de 2008
poemas dispersos
mar e príncipes-perfeitos
a falésia – pináculo de catedral
ouvem-se as vozes do coro
Requiem
para sempre um Requiem
de ondas e cardos
:a leve brisa a que chamam primavera
quando É primavera
ou outono quando É outono
mar e princesas descalças
no pinhal do outeiro
muda-se a roupa ergue-se a voz
a mesma que ainda agora se ouvia
lá atrás
no coro da igreja nua
e a toda a volta a cauda de uma Sereia
sábado, 7 de junho de 2008
poemas dispersos
vinham e falavam crioulo
manchavam a terra
e sabiam enterrado o esposo
havia crianças e laços na cabeça
prematuras esperanças
e pelo meio um louco
deitavam cartas e olhos verdes
gritavam um hino vermelho
vomitando a gaguez
e de cada vez é de vez
vêm
às dúzias num comboio
há crianças uma a uma
de-cada-vez
deitam cartas e olhos verdes
vomitando a palidez
na carruagem cantam um hino
vermelho para dentro de um aparelho
português
quinta-feira, 5 de junho de 2008
poemas dispersos
numa minúscula árvore brotou
um fonema
:o tema e por extenso o fruto
nos ramos viram-se pássaros
e uivos caíram plumas e a
çu-ce-nas – primeiro acto
pacto o peixe o ovo e qualquer coisa de lácteo
numa minúscula árvore acesa
derramaram-se os versos do último poema
verteram-se as marés as areias
:o pólo
norte
desfigurado por antenas
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