domingo, 21 de dezembro de 2008
Contos.2
Platão deitava-se
Insone
Olhos postos no tecto
pelo corpo só os indispensáveis movimentos À
sua direita uma telefonia
e cigarros acumulados num mínimo cinzeiro
Platão ficava noites seguidas assim:
a ouvir, concentrado, os ruídos da rua
: homens do lixo
: cães ladrando ao longe
: um ou outro gato rosnando em briga
Por vezes
, uma vizinha gritava com o marido
Não
Para platão as noites nunca eram iguais
simplesmente nunca tinha sido ensinado a adormecer
No telheiro da janela
quando uma família de pombos
despertava, platão sabia
que chegara o momento de se erguer
apanhado na emboscada de um sol que nasce
de uma lua que se deixa apagar
Já levantado seguia para mais um dia
Dias de coração demasiado lento
preso à vontade de à noite voltar
e
insone
se deitar
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1 comentário:
Magnífico ! É tão difícil fazer simples.
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