sexta-feira, 28 de novembro de 2008
poemas dispersos
uma súbita face
Branca
no reflexo de um espelho oval
– eis a minha aparência
depois
da invocação Proibida –
: a Boca distorcida – Saliva escura
: Olhos semi-
........-abertos
, Mãos crispadas: um punhal!
Com um único sopro cerrei
três velas negras
. já na Treva profunda recitei:
«venite»
«lux»
«venite»
«lux»
«venite»
«lux»
e a Noite morreu em lua nova
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
poemas dispersos
27 de novembro de 2008
doce, Sentado
sobre A pedra
da cor dos goivos
e dos colares de cleópatra, Romeu
ouviu o Tiro As pernas
tremeram
como ossos desprendendo-
-se da carne
Sem chegar a sentir dor ou ferida
aberta. asfixiado. caiu
Romeu
no trono
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
poemas dispersos
primeiro o sol depois
devagar
as flores – as aves – o canto
sobre a mesa a caneta imóvel
o papel sem curvas nem marcas
? o sol
sim
a percorrer-me os olhos e a cegá-los
: ver como um cego
: ouvir como um cego
: tocar como um cego
sobre a mesa a caneta imóvel e
uma romã aberta
uma seiva púrpura – o sol?
sim! que fazia reflectir os frutos
juntos na forma de coração
único de uma romã
ao fim de um tempo um fio-de-dor
percorreu-me os cabelos
, a testa, os polegares –
aqui estou vivo-inerte a percorrer campos
numa estreita ala de convento
terça-feira, 18 de novembro de 2008

quinta-feira, 6 de novembro de 2008
poemas dispersos
a toda a largura da mesa
as flores e o inverno que elas trazem
. chove
há em mim um zumbido ansioso
que me afasta da janela
. recolho-me
enfrento as cores e as folhas das flores
e tenho medo
da largura da mesa
posso não voltar a ouvir flores
nem ver zumbidos
só sei que chove
e nesta minha cadeira nada muda
– acaba o dia não mais que isso –
imagino a meu lado esta tarde
uma grande lareira acesa onde dormisse
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