«a ocupação do mundo pelas rosas»

Vitruvian

do fim para o princípio - SILÊNCIÁRIO

Aqui fica a introdução ao livro «SILÊNCIÁRIO» cujos poemas têm vindo a ser publicados neste blog nos últimos meses: AS PALAVRAS DA MEDITAÇÃO talvez sejam só letras/palavras. espaços entrelaçados. visões rápidas. espasmos. acelerações cardíacas. talvez isso seja tudo. tudo é muito mas ainda não é o todo. talvez não seja bem isto o que se pode dizer destas frases que vão encontrar a seguir a esta página, todas elas escritas minutos antes de uma sessão de zazen. antes de meditar somos cruzados por pensamentos – questões? – que nos colocam perante o paradoxo da nossa mente. já em meditação, esses pensamentos, ou questões, diluem-se num espaço indisível, inefável: a poesia. aí não há pensamento, nem visão, nem eu, nem tu, nem estar sentado ou em pé. aí não há o espaço, o corpo o odor. ao mesmo tempo tudo está presente: o pensamento, a visão, o eu, o tu, o sentado, o em pé, o espaço, o tempo. estão presentes mas não estão lá. tudo é paradoxal na meditação. consciente só a respiração. o acto primeiro. a orla da iluminação. mas ainda não estamos no todo. só na parte que nos poderá conduzir ao todo. zazen quer dizer meditação sentada. estar sentado é uma acção poderosa. tão poderosa como é poderoso olhar o sol quando nasce ou se põe ou observar a lua plena de um solstício. nestas palavras que habitei é possível que se consiga encontrar um fio condutor. o entrelaço de todas as agitações da mente. de todas as pausas. de todas as consequências e inconsequências. há um muro entre elas e eu como ser. a meditação reduz, ou eleva, esse muro ao estado da mais profunda transparência. em cada sessão é-nos dada a possibilidade de «ver» para o outro lado da parede que habitamos. enfim a morte. lisboa, 23 de fevereiro de 2008 de uma era comum

A EXPRESSÃO de BUDA

Para o Pedro, mano do João. Que juntos caminhem felizes pela vida

Perguntas e Respostas Encontradas

Mais uma vez o brilho que vem do AR LÍQUIDO 3 O que é a morte? É uma chave para 83 fechaduras.

A EXPRESSÃO de BUDA

health

y:

vieram às centenas. mínimas andorinhas tranquilas .'.

w:

é uma flor. voa como uma flor. morre. como o coração .'.

z:

subindo a escada. a lareira. ar profundo no sol .'.

ABBADON

ABBADON Creation/Direction and Staging/Original Text: Hugo Callhim Cristovao- Creation/Performance/Original Drawings: Paula Cepeda Rodrigues /

x:

súbita ascensão de lava. árvores que marcam o meu regresso .'.

v:

caído de uma larga fogueira no céu, toda a tempestade. a lama .'.

A EXPRESSÃO de BUDA

u:

tecto. a lâmpada trémula. com a chuva. a obscuridade .'.

A EXPRESSÃO de BUDA

t:

pedra distorcida. negra. nem do fogo. a morte antes do sol .'.

Careto

Careto executado por João George (12 anos)

em «AR LÍQUIDO 3»

a separação dos mares e da terra e a criação do céu, nas iluminuras de um Livro de Horas Franciscano, c1385-90

s:

espelho partido. lua sem reflexos. meus dedos à transparência .'.

r:

os corvos da. sé. pousam. no coro. velhos sacerdotes emudecidos .'.

q:

quando morrerem minhas violetas. é hora. levantar-me-ei da cama e olharei o ar do azul .'.

p:

recebi um auspicioso sinal: os meus olhos estavam cegos. eu. enfim. pronto para ver .'.

o:

fecharam-se as raízes. urze. pelo espaço. choro .'.

n:

o rio parou. no céu. pesadas constelações verdes .'.

ABBADON

m:

circular candeia. uma rosa enquanto chove .'.

basilisk

l:

um fio escorre em apertadas veias. soro da terra .'.

k:

espécie de janeiro. sem frios nem tempestades. sobre o livro em branco, o candeeiro .'.

j:

entre as penas vermelhas, o último relógio. finalmente as chamas .'.

A Fénix e o Tempo

i:

uma bandeira a arder. terra por todo o lado e uma espada. contra ti .'.