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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Satã

#12



Como quem faz que é atento, não sendo atento, ouço
com dor as notícias do mundo: Lisboa, Paris
, Roma, São Petersburgo, Guernica… cidades visíveis que as criaturas
invadem e que o criador abandonou. Morre em mim
a felicidade de desejar reconhecer o mundo. Mesmo
que
num navio a vapor pelo oceano oculto das novas
descobertas. São novos estes adamastores e tantas as
tormentas. Basta-me este quarto e a janela para a rua.
Contorno em mim o Cabo ferido de uma Boa-Esperança.

 Frederico Mira George

1 comentário:

Maria Lina disse...

Olá,Frederico,jovem inquieto,atento e solidário com o Bem e a Justiça,e, por isso, nunca acomodado com a lei do faz de conta, ou do "mais forte" que faz mil uma asneiras para ocultar a sua fraqueza e mesquinhês.
A manhã tem o grande mérito de abrir portas ao Dia, à Luz plena, deixando para trás a escuridão que se afasta, simplesmente, levando consigo o luar e o próprio brilho das estrelas, apesar de reunidas em constelações.
Indignar-se com as injustiças contra quem quer que seja, é um sentimento natural de quem vive de amor e em amor; é nunca abandonar o Cabo da Boa Esperança, mesmo que as ondas do mar revolto pareçam querer engoli-lo e arrastá-lo para as profundezas do oceano, pensando reduzi-lo ao eterno silêncio.
Digamos não, não, aos novos adamastores, fazendo triunfar o amor.
Abraço amigo
maria Lina