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sexta-feira, 16 de abril de 2010

Corvo

Convento da Cartuxa # 29 Chegará o tempo em que os anjos lhe tocarão o corpo e lhe fecharão os olhos num toque misericordioso. Borboletas orientais virão. E. Ele lhes sorrirá voando cego e em despedida aos dias curtos que durante vidas abraçou.   # 30 Nem uma palavra. Disse- -lhe o mestre depois da oração. Ficou só, no templo , silencioso e concentrado nos peixes-pintados-nas-paredes. Reparou depois nas flores: o altar. Sentiu as mãos fundirem- -se uma na outra e tentou levantar-se. O corpo. Imobilizado não respondeu. As flores e os peixes-pintados-nas-paredes moviam-se. O templo movia-se! Nem uma palavra!   # 31 – Por fim – a sua pele transformou-se. Primeiro, num tom avermelhado, caracteres compondo palavras mágicas apareceram inscritos nas asas. .......Depois , 1 triângulo radioso, verde e escuro, desenhou-se na fronte. Estava pronto para levitar e ver do céu – por fim – a cidade onde morreria, um dia .......feliz.

2 comentários:

aluzdascasas disse...

Chegará o tempo" em que as palavras
quase
criarão outros mundos.
Eis o tempo das imagens onde se fundem corpo e letra.
Assim nasceram os corvos.

Maria LIna disse...

Sim, Rsoleta! Mas também nasceram as pombas a falar aos homens de paz, e as águias que voam alto, para nos convidar a erguer o olhar e a relativizar a matéria.
Abraço
Maria Lina