segunda-feira, 12 de maio de 2008
poemas dispersos
os poemas já não chegam
nem as palavras – nem os pequenos
vocábulos antes cheios de sonho
falta tudo
:fadas, elfos, os grandes sábios
faltam os doces olhares dos dragões
a plenitude das mães
até o desespero dos dias antigos
e não são coisas que se possam procurar
…
dantes os navios passavam junto
à minha rua
e era ao som desses sinos de catedral
que sonhava começar um dia
bebendo do rio o frio e a vontade de chorar
nesses dias choviam cartas
– «o espanto» de que falavam o
s livros de ponty – ¿para que os terá escrito ele?
sabendo de antemão
que da caverna primeira nenhum sinal
chegaria, nem eco, nem amor –
os poemas já não chegam
a quimera partiu e com ela
as anões, os gigantes, os ogres, afinal
todos os deuses de um astral amoroso
e natural. ei-nos sós neste
pedaço enquadrado de cores brancas
cores perdidas em telas perdidas
e o homem anda, soluça
conta tostões sobre a mesa
esperando que por debaixo dela
uma fada de olhos claros
se aventurasse a pegar-lhe na mão
e elevando os olhos o fizesse adejar
… mas os poemas morreram com os poetas
(vem-me agora à cabeça a música
dos versos de herberto)
…
nesta noite, subitamente
(enquanto escrevo)
ouço na rua um animal
uma besta que se esfrega para encontrar
comida
antes isso – digo em voz alta – que andar
rastejando debaixo de uma mesa
numa procura cega
por um espírito da natureza que
sei, com certeza,
ausente
invisível.
mesmo morto.
antes a besta
que a lira de herberto
;os navios do rio
;os espantos nos sinais de ponty
não.
os poemas já não chegam
estamos abençoadamente
próximos do fim
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