quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Corvo
# 4
O corvo observou. Sentiu-se
sereno por ser mal
dito. Voava! Na
cidade
os que caminhavam em afazeres
i
nadiáveis, seriam
capazes de o matar com olhares
, mas seria ele, negro-solitário, o
que depois da última respiração
tinha tentado ver
além das próprias asas.
# 5
Sentado no café enquanto
o dono lavava o chão ladrilhado de
azul e vermelho
, H pensou em escrever um poema.
Desenhou caracteres no papel
como um mecânico
ajusta a direcção de um automóvel.
Terminou 20
minutos
depois.
Nada do que tinha escrito parecia dele.
Como o carro onde o mecânico opera não é dele.
Saiu e guiou o «seu» poema.
Pela primeira vez sentiu
as faces do rosto corar de orgulho e
coragem. O automóvel… o seu
gigante
poema.
# 6
Um rei e uma rainha,
exaustos de dormir
em tantos
diversos
quartos Reais, de
tantos
diversos
palácios Reais
: sentaram-se, por fim,
observando abelhas à espera do vento.
# 7
Manuel Teixeira Gomes
Curvou-se perante
................a
estátua do poema.
Os pescadores rumavam a Ocidente.
Ajoelhado depôs flores
: Portimão.
# 8
À frente, lá
estava
o muro. Era ali que tinham
morrido os voos, o vento
; ali tinha parado a respiração.
Sentia que tinha de nascer
e nascer, nasceu, por fim,
um ovo.
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