domingo, 6 de julho de 2008
poemas dispersos
viu-se de relâmpago e era negra
e como se uma chave fosse
uma chave foi
abrindo a porta do grande
palácio das buganvílias e dos loendros
lá dentro
sobre um pavimento de mosaicos
brancos e negros
duas colunas
suportavam sem esforço um globo celeste
e outro terrestre
duas esferas romãs
abertas e expostas à sua multitude
era uma espada de ferro quente
ondulada
: flamejante – a invocadora de todos os sortilégios
entre colunas –
onde reinava o silêncio
,soprou o verbo: «eis a minha espada, aqui
não haverá espaço para a defesa porque
não haverá espaço para o ataque»
nisto uma bicéfala águia branca pousou
sobre a coroa do trono
e no tecto do palácio se escreveu
num ouro muito azul: «ordo ab chao»
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2 comentários:
No meio do mais profundo escuro, aqui a luz do poema resplandece! Porque não mascara, mas recria a realidade e do bastidor escuro retira a luz e trá-la para a ribalta do mundo...
Boa Noite Frederico,
A Risoleta apresentou-me o teu poema. E vim escurecê-lo melhor entrando por esta porta, que não me sai de um tom luminoso. Gostava apenas de referir que me espantou encontrar no teu poema a águia bicéfala, e branca, pois precisamente um dia antes de a publicares ( e se calhar até escreveste o poema no mesmo dia , isto é, dia 5 ) eu encontrei-a em tom bronze dourado na Igreja de Santa Teresa em Ávila, num fundo azul e mais. A águia não me falou nada excepto que me falaria mais tarde. Fotografei-a como se anotasse um recado que eu ainda não sei para quem é. Quererás vê-la?
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